quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Quando os filmes eram uma festa


O que a Disney faz com este trailer – e um pouco com todo o material promocional – é de uma inteligência valente. Um peito aberto onde a hipocrisia e a sinceridade se baralham, se misturam e voltam a dar. Muito surpreendido com The Jungle Book, não posso com Beauty and the Beast fugir ao azedume da linha Cinderella, uma pastelada epiléptica, papel químico do desenho animado, aborrecidíssimo, sem um único plano diferenciador e autêntico. A somar, Bill Condon, que já deu ao mundo dois Twilights e o Dreamgirls, que nunca vi mas sei que tem umas mamalhudas e o Eddie Murphy grisalho. Até me arrepiei. Por último é a jogada segura, de ir sacar milhões e milhões, com um produto de outrora, para adolescentes apaixonadas e pimpões precoces. Toca a faturar meninos. 

Porém, e aqui entra o clique, não está o trailer, ao mostrar que é exatamente a transposição do original, a ser o mais sincero possível? É isto, passo a passo, o mesmo filme, as mesmas canções, feito hoje, querem? Não engana ninguém com supostos novos olhares na personagem como fizeram com os cornos da Jolie. E este assumir é injustamente orgânico, pois A Pequena Sereia, A Bela e o Monstro, o Aladino, foram também a minha fase dourada, quando o cinema era uma festa, acima de qualquer outra coisa, sem interesses, sem moedas, sem tristezas. Era o meu castelo. Lembrar-me que ele existe, é fundamental para continuar. Certain as the sun.


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