terça-feira, 11 de agosto de 2015

Ultimamente

Num dos chats desta vida, no triturador da concorrência, falávamos na lógica - alastrada depois a justiça - em comparar duas temporadas com argumentos e elencos distintos. Numa orgânica cada vez mais presente, as séries fecham-se nestes pequenos loops, mantendo o nome, mudando o resto. Fica o tom, mas o que é o tom? Será ele suficiente para juntar numa mesma caixa cancros tão diferentes? Podemos pedir justificações, por esta não ser a outra? Não sei. Fazemos com o cinema a toda a hora, com a sequela da sequela, com o realizador espertalhão que virou cagalhão, com o clássico e o reboot, com o vai a seco ou halibut. Está na nossa natureza, perseguir a unidade e comparar. Conclusão? A segunda temporada de True Detective viveu refém do primogénito. Nas críticas esparguete da especialidade, era só: a primeira tinha a pilinha maior, a primeira tinha o cu mais definido, a primeira fazia a roda e a rodada. Massa enfadonha, de uma letra a seguir à outra, que não soube de facto ver o óbvio: foi um policial bestial. Do início ao fim. Tenho saudades de policiais foda-se. E este foi bestial, já disse? Personagens oleosas, embriagadas, num cenário cheio de formigas mas vazio de sentido, sempre muito violeta da noite/cidade, e muito amarelo/laranja do deserto. Com os cabrões todos nos seus sítios, todos recompensados. E o final - vinte vezes superior ao da primeira, ai bate na boca que já estás a comparar - resolve o crime, mas, mais importante, resolve as almas penadas. Havia outra saída de tal labirinto? Não. Poderia acabar noutro lugar que não a Venezuela? Não. Ficará Velcoro e a puta desta música a matutar indefinidamente no interior? Obviamente que sim.

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