quinta-feira, 26 de setembro de 2013

86 minutos muito bem passados

Já podiam ter dito. Que afinal era malhão. Lia aquelas conversas do "tão mau que é bom" que fui bastante apreensivo. Vai na volta aparece-me um filme de ação muito competente que não fica atrás de nenhum dos blockbusters americanos deste Verão. A história é simples: um tornado de tubarões chega a Los Angeles. Eles estão na água mas depois voam arrastados pelo vento forte. Podia ser um disparate. Mas não é. 

Começa com uma cena brutal de ação no mar onde o loirinho do Beverly Hills, 90210, que está agora velho, gordo e já não é loirinho, surfa descansado até o resto do pessoal que está na banhuça começar a levar dentadinhas. Sangue, tensão e uma transição audaz na claridade da imagem, saltitando de claro para escuro, como se o dia e a noite fossem iguais, segundos e minutos para sermos um dia devorados. Ele e o seu amigo, o Baz - enorme interpretação de Jaason Simmons -, salvam-se e depois vão beber um copo. Apesar de terem morrido muitas pessoas. Porque eles têm um bar e porque, como dizia o Marquês de Pombal "enterrar os mortos para depois fugir dos tubarões vivos". Sim porque não há descanso nesta maré viva de adrenalina. Fogem, morre o pai do sozinho em casa e depois, como se o elenco não estivesse já demasiado forte, pimba, Tara Reid. Carregadinha de botox e de produtos que esticam a pele. Mas ainda assim humana e capaz de oferecer uma das personagens mais intensas de todo o filme. Uma mãe, que tem filhos com idade para serem seus irmãos, e que no fundo só quer é manter a família de novo toda junta. Há quem diga que no segundo acto o filme acelera em demasia e esquece os actores. Eu não acho. Apesar das bombas e dos tubarões cortados ao meio, está sempre presente um conjunto de seres que se amam e que não querem morrer devorados por um peixe grande. O beijo final, cheio de sangue, com o casal quase quase a olhar para a câmara lembra-nos que apesar de ficção os tubarões existem e podem a qualquer momento ganhar balanço com o mau tempo. Cheias e afins. Muita mas muita atenção aos próximos trabalhos de Anthony C. Ferrante.

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