segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Lugar comum

Antes de os ver, queria acreditar que Shyamalan voltaria em boa forma e que Chris Carter faria deste novo tomo um acontecimento. O que sucedeu não foi nem uma coisa nem outra e estes dois filmes têm em comum as arestas do amor e da desilusão:

- Se um foi um produto televisivo fortíssimo, talvez o meu último grande ritual de sofá, o outro era carimbo de qualidade, certificado de suspense e terror, reinventando as histórias e ambientes com um forte toque pessoal que nos fazia ansiar pela próxima obra;

- Ambos tinham um antecessor que desiludiu muita gente e a expectativa para uma redenção gloriosa era altíssima. Gostei de ambos, mas reconheço na cegueira apaixonada os inúmeros, e valentes, pontos fracos;

- Tanto um como o outro têm um início arrebatador. Desde o plano aberto do gelo até aos bancos do jardim tudo é incrivelmente bem construído;

- Depois do começo, exprime-se um evento onde se espera constantemente mais, queremos sucessivamente mudar a câmara de sítio e ver outras coisas, aquilo que realmente nos fascina e amedronta. Ficamos neste impasse e caem os créditos finais;

- Ainda fiquei a pensar depois de tudo se ter apagado. A desilusão é um semblante tão carregado que chego a pensar que foi usada como estratégia. Há tanto cinema que simplesmente não foi manejado, sabe a tão pouco que acho que era mesmo um pouco intencional. Vejamos, o ficheiro secreto escolhido pouco ou nada tem de sobrenatural e, com excepção da excelente personagem do padre pedófilo, fica muitos pontos abaixo de qualquer episódio das séries iniciais; do outro lado temos um casal de protagonistas (Wahlberg e Deschanel) tão mau, mas tão mau, que passa para o campo do inacreditável, existindo aqueles momentos em pensamos mesmo que aquela entoação foi propositada.

Ficamos a contas com dois objectos pequenos, que guardamos com carinho num sítio incerto, num sítio que nem nós próprios entendemos.

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