quinta-feira, 3 de julho de 2008

Funny Games


[Os jogos não têm limites.]


Sempre torci o nariz a remakes, geralmente são filmes chatos sem originalidade nenhuma, uma cópia barata do filme em qual se baseiam, que na maioria dos casos apresenta muito mais qualidade, e resultados cinematográficos bem mais positivos, tanto para o espectador como para a companhia que o produz. Para mim o bom cinema é aquele que traz algo de novo, são aqueles filmes dos quais saímos do cinema com vontade de comprar o ingresso mágico outra vez para assistir a espectáculo que acabámos mesmo agora de ver.


Confesso que nunca vi o “Funny Games” original (Michael Haneke, Áustria 1997), mas sabia que a versão made in USA iria ter o mesmo realizador da austríaca, visto que Michael Haneke, afirmara que nunca iria deixar a sua “obra de uma vida” (considerado como o melhor filme austríaco de sempre) ser retalhada por um qualquer estúdio de Hollywood para ser vendida como um barato produto comercial destinado as grandes massas.


Sem dúvida este foi um daqueles filmes que me surpreendeu, não pela simplicidade da premissa (dois sócio-patas fazem refém uma família em sua própria casa, a qual obrigam a participar numa série de jogos doentios, a seu belo prazer) mas sim pela excelente realização de Michael Haneke, que consegue construir um filme claustrofóbico, negro (apesar de estarmos sempre rodeados pelo branco, símbolo da pureza e das boas intenções do homem) e de uma carga psicológica extrema, o que o pode tornar de difícil visibilidade por parte de alguns espectadores mais sensíveis. Haneke torna-se mestre ao mostrar “ violência sem violência” e cria aqui um género de cinema onde o sangue e a morte ficam a nossa consideração, sendo o público tornado numa espécie de juiz deste jogo mortal numa espécie de “Laranja Mecânica “ do século XXI. Os actores estão extremamente bem escolhidos, Michael Pitt (mostrando mais uma vez o seu enorme talento) e Brady Corbet estão excelentes como os dois jovens sócio -patas, figuras quase centrais do encadeamento da narrativa, tal como Naomi Watts e Tim Roth com os quais partilham o protagonismo do filme; o senão é a falta de alguma profundidade narrativa, criando alguns espaços mortos, tornando-se por vezes o visionamento aborrecido ao espectador comum, e a falta de profundidade na personagem do filho do casal que por vezes se torna irritante. Para quem tiver paciência, estará sem dúvida perante a presença de um grande filme o qual se irá tornar sem dúvida num dos grandes filmes de culto da nossa década.




By Capaxinhos

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